#vemprimeirão

Este blog é um espaço cultural que tem por objetivo mostrar fatos atuais e aspectos importantes da área de Artes e Atualidades. É mantido por alunos de uma turma de 9º ano B do Ensino Fundamental Maior, do Colégio Clita Batista. Foi construído com o objetivo de levar à sociedade um conjunto de informações e conhecimentos; realizar associações, produzir textos criativos e despertar a consciência crítica.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Artes - Yara Tupynambá: as artes plásticas precisam de um local e não tem !

       Em seu ateliê, a artista plástica Yara Tupynambá está, neste momento, focada em contar a história de Contagem por meio de suas pinceladas. O mural, que deve ficar pronto no próximo mês, é o seu mais recente projeto, após ter exposto, em Brasília, 14 obras que retratam a riqueza natural de reservas ecológicas de Minas. Ao Hoje em Dia, a artista, que possui um acervo pessoal com mais de 70 peças de colegas, como Carlos Bracher, Carlos Scliar e Inimá de Paula, discorreu, dentre vários assuntos, sobre o ensino das artes no Estado e o cenário das artes plásticas em Belo Horizonte. Confira.
     
        Os equipamentos instalados em Belo Horizonte ganharam com o fluxo de turistas que chegam a Minas para ir a Inhotim?        Sim. Belo Horizonte se tornou um ponto de visitação, mas vamos lembrar que o Inhotim tem um foco específico (a arte contemporânea), e boa parte de sua coleção é composta por coisas de fora do país – e também praticamente não tem quase nada de arte mineira. O foco é esse, tudo bem, é isso mesmo. Mas eu penso que ali não poderia faltar algumas coisas do (Alberto da Veiga) Guignard, por exemplo. Uma pequena sala, ou uma parede que seja, mas uma formação da arte de Minas Gerais. Belo Horizonte começou em 1930 com os artistas já trabalhando. Então, essa contribuição histórica seria importante.

       Para a senhora qual a grande função do artista na sociedade?       Primeiro, todo mundo fala que a arte não tem função – uma função prática como a de um médico ou um engenheiro que constrói uma casa – mas a arte é algo inefável, e é ela que te traz uma vida espiritual, e te torna melhor perante o mundo, mais compreensível, e de certa forma até mais feliz. Quando você vê um grande concerto, um espetáculo de balé ou uma maravilhosa exposição, você sai dali melhor, mais em paz consigo mesmo e em paz com o mundo. Ela é, sem dúvida alguma, terapêutica.

        A senhora percebe uma efervescência cultural na capital?        Eu acho que há interesse de um público novo por exposições do Centro Cultural Banco do Brasil, e também do Museu da Vale. Em ambos há uma procura muito grande de formação de público. Há os monitores que acompanham e dão aulas ao público. Isso, eu poderia dizer que é uma efervescência. Agora, ainda não há uma integração, curiosamente, de parte das camadas mais altas de Belo Horizonte, com a cultura. Eu estranho, não consigo entender porque uma pessoa rica não vai a uma exposição, e não vai a um concerto. BH é muito focada – parte da classe mais alta – em roupas e na compra do carro. Tem mulher que declara ter 380 sapatos, o que acho uma agressão ao país. Ela está agredindo a sociedade menos favorecida.

        Como a senhora percebe e avalia o processo de ensino das diferentes linguagens artísticas nas escolas de Ensino Fundamental?         Não temos, até porque, as professoras não tiveram isso. Essa é uma grande defasagem da cultura mineira. As professoras não tiveram a oportunidade de fazer um curso de História da Arte, de frequentar uma exposição, então não podem ensinar. Eu tenho notícia, às vezes, que uma professora está mandando o aluno copiar Picasso. E digo: “Meu Deus”. Primeiro, o que Picasso tem a ver com o Brasil? E segundo, com Minas Gerais? Copiar Picasso é dar a ideia aos jovens de que qualquer coisa é válida, que é uma deformação que possa ser praticada, e que aquilo realmente é o caminho. Quando a gente sabe que ele (Picasso) teve um longo processo para chegar até o cubismo, tanto que depois retornou ao clássico desenho. Então, essa falha, a Secretaria de Educação teria que completar com possibilidades de as professoras fazerem cursos. Eu acho que, antes da arte internacional, seria importante que se tivesse conhecimento do Brasil.

        Minas Gerais é a grande inspiração da senhora. O que mais te encanta?        Vou falar feito Tolstoi que dizia o seguinte: se você quer ser universal parta da tua pequena aldeia. “Guerra e Paz”, e toda obra de Tolstoi gira em torno da sua pequena aldeia. A de Guimarães Rosa gira em torno da nossa pequena aldeia. Então, Minas, para mim, é minha pequena e grande aldeia. É isso, na minha obra, passo por grandes personagens, por figuras históricas. Passo pelas festas populares, que são importantíssimas, pelo congado, as florestas, o Jardim Botânico do Inhotim, para preservar aquilo que foi nossa história. Tudo isso é que marca a nossa formação cultural e humanística.


http://www.hojeemdia.com.br/almanaque/yara-tupynamba-as-artes-plasticas-precisam-de-um-local-e-n-o-tem-1.335302
 

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